sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

SILAS DE OLIVEIRA



Silas de Oliveira (Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1916 — Rio de Janeiro, 20 de maio de 1972) foi um compositor e sambista brasileiro.
Desde menino freqüentou as rodas de samba, apesar da resistência do pai, que era pastor protestante e via na música uma "manifestação do diabo". O pai, dono do Colégio Assumpção, arrumou uma vaga de professor para o filho, tão logo ele concluiu o Científico. Ele pretendia que, com a profissão, o filho abandonasse o gosto pela música.
Silas dava aulas de Português, quando começou a namorar uma das alunas, a jovem Elaine dos Santos. Nessa época também fez amizade com o jornaleiro Mano Décio da Viola, que se tornaria seu maior parceiro. Pelas mãos de Elaine e de Mano Décio, Silas sobe os morros cariocas atrás de rodas de samba. Com os dois, freqüenta também os tradicionais pagodes nas casas das tias baianas, regados a muita bebida, comida e batucada. Seu talento como compositor começa a se revelar, ainda que timidamente. As visitas a estes locais passam a ser cada vez mais constantes e não tarda para que Silas passe a ser considerado como "gente da casa" nos redutos de samba.
Em 1942, durante a juventude, serviu no 7º Grupo de Artilharia de Dorso (Campinho), e estava no navio mercante Itagiba, afundado em 17 de agosto, pouco antes da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Muitos jovens da região de Madureira morreram neste incidente, porém Silas sobreviveu para construir mais tarde sua carreira como sambista.
Em 1947, Silas de Oliveira e Mano Décio compõem o samba-enredo "Conferência de São Francisco" ou "A Paz Universal", para a escola de samba Prazer da Serrinha, agremiação carnavalesca da qual faziam parte. Seguindo o decreto oficial do então Presidente da República Getúlio Vargas que exigia que as escolas desfilassem com temáticas nacionalistas em seus enredos.
Porém, o presidente da Prazer da Serrinha, Alfredo Costa, não aceita a inovação - o samba-enredo obrigatório - e cancela sua apresentação no momento do desfile, o que gerou revolta nos compositores e culminou na fundação do Império Serrano, dias depois. Silas de Oliveira integra a nova escola desde seu primeiro desfile, tornando-se reconhecido como um dos grandes compositores de samba enredo para a escola de samba de Madureira.
Sagrou-se campeão no carnaval de 1948. No ano seguinte, Mano Décio também aderiu à nova agremiação. Entre 1949 e1951 o samba-enredo vitorioso no Império Serrano trouxe a assinatura de Silas, de Mano Décio ou dos dois. Em 1955 e 1956, mais duas vitórias da dupla na escolha do samba-enredo da escola: "Exaltação a Caxias" e "O Caçador de Esmeraldas".
Silas dedicou 28 anos de sua vida ao Império Serrano e nesse período fez 16 sambas-enredo para a escola, dos quais 14 foram apresentados no desfile oficial. Quando o amigo Mano Décio foi para a Portela, a dupla se desfez. Mas Silas continuou compondo para a Verde-e-Branco de Madureira, muitos sambas que tornaram-se clássicos do gênero, como "Aquarela Brasileira" (1964), "Os Cinco Bailes da História do Rio" – em parceria com Dona Ivone Lara e Bacalhau (1965), "Glórias e Graças da Bahia" – com Joacir Santana (1966) e "Pernambuco, Leão do Norte", com o qual enfrentou – e venceu – o antigo parceiro Mano Décio da Viola, que retornava à escola, em 1968. A última parceria dos dois grandes sambistas foi em 1969 com "Heróis da Liberdade", num ano em que o jeito de fazer samba-enredo passava por grandes modificações, sobretudo no andamento acelerado, lembrando marcha carnavalesca.
Mano Décio e Silas de Oliveira não se adaptaram a essa nova postura, pois acreditavam que essa mudança era responsável pelo empobrecimento do samba-enredo. Silas ainda tentou adaptar-se aos novos tempos, mas sua influência no Império Serrano já não era a mesma. Nos últimos anos de vida Silas deixou de se envolver com os desfiles da escola, limitando-se a freqüentar rodas-de-samba, onde, na sua concepção, o ambiente era mais tranqüilo.
No dia 20 de maio de 1972, Silas de Oliveira foi à uma roda de samba, pensando arranjar dinheiro para matricular uma de suas filhas no vestibular. No momento em que cantava "Os Cinco Bailes da História do Rio", sofreu um infarto fulminante. Morreu no terreiro, onde passou a maior parte de sua vida.
Em 1974 a escola de samba Imperatriz Leopoldinense apresentou o enredo "Réquiem por um sambista, Silas de Oliveira", em honra ao compositor. Silas acompanhara de perto a fundação desta escola, cuja madrinha é o Império Serrano.

Clique no link abaixo e faça o Download de algumas composições de Silas de Oliveira interpretadas por ele e diversos artistas.
01 Meu Drama (Senhora Tentação) (Silas de Oliveira e Joaquim Ilarindo)
Jorginho Pessanha
02 Cruel Paixão (Silas de Oliveira)
Silas de Oliveira
03 Fica (Silas de Oliveira)
Silas de Oliveira
04 Desprezado (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
Mano Décio
05 Na água do Rio (Silas de Oliveira e Manoel Ferreira)
Silas de Oliveira
06 O Império tocou reunir (Silas de Oliveira e Mano décio da Viola)
Ivone Lara
07 Tristeza no Carnaval (Silas de Oliveira)
Jorginho do Império
08 Segura a conversa (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
Império Serrano
09 Berço do Samba (Edgard Cardoso e Silas de Oliveira)
Anália
10 Calamidade (Silas de Oliveira)
Roberto Ribeiro
11 Rádio Patrulha (Silas de Oliveira, Marcelino Ramos, Luizinho e Dias J)
Heleninha Costa
12 Amor Aventureiro (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
Mano Décio
13 Ciências no Samba (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
Mano Décio
14 Apoteose do samba (Silas de Oliveira e Mano Décio)
Jamelão
15 Legado de Getulio (Silas de Oliveira e Walter Rosa)
Walter Rosa
16 A paz universal (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
Mano Décio
Samba Enredo Prazer da Serrinha, 1947
17 61 anos de república (Silas de Oliveira e Mano Décio)
João Nogueira
Samba Enredo Império Serrano, 1951
18 Exaltação a Duque de Caxias (Silas de Oliveira e Mano Décio)
Mano Décio
Samba Enredo Império Serrano, 1955
19 O Caçador de Esmeraldas (Silas de Oliveira e Mano Décio)
Mano Décio
Samba Enredo Império Serrano, 1956
20 Medalhas e Brasões (Silas de Oliveira e Mano Décio)
Mano Décio e Velha Guarda do Império Serrano
Samba Enredo Império Serrano, 1960
21 Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira)
Chico Ramos
Samba Enredo Império Serrano, 1964
22 Os cinco bailes da história do Rio (Silas de Oliveira, Ivone Lara e Bacalhau)
Chico Ramos
Samba Enredo Império Serrano, 1965
23 Glória e graças à Bahia (Silas de Oliveira e Joacyr Santana)
Abílio Martins
Samba Enredo Império Serrano, 1966
24 São paulo chapadão de glórias (Silas de Oliveira e Joacyr Santana)
Ivone Lara
Samba Enredo Império Serrano, 1967
25 Pernambuco leão do Norte (Silas de Oliveira)
Damasceno
Samba Enredo Império Serrano, 1968
26 Heróis da Liberdade (Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira)
Mano Décio
Samba Enredo Império Serrano, 1969




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