Filho de Aniceto de Menezes e Silva e de Crispiniana Braga de Menezes da Silva.
Nasceu no Estácio e, como os pais separaram-se logo, foi criado inicialmente por Odete Pinheiro, na rua Maia de Lacerda, no mesmo bairro. Logo depois, passou a morar com dona Risoleta Arlói Vieira e mudou-se do Estácio, passando a residir sucessivamente em Encantado, Engenho de Dentro, Piedade, etc. Não foi por intermédio do pai e nem de Hilário Jovino, a quem chamava de tio, que ingressou no samba. Como o progenitor fosse muito rígido, Aniceto aproximou-se da mãe, com quem passou a viver. Esta, sim, era carnavalesca, tendo até formado uma escola de samba em sua casa, na Rua Grão Pará - a Escola de Samba Capricho do Engenho Novo, da qual Aniceto era diretor de harmonia.
Ao ajudar a fundar o Império Serrano, em 1947, ganhou o cargo de Orador Oficial da escola.
Sobre ele declarou Dona Ivone Lara - na capa do disco Partido alto nota 10 - "Quem ouve Aniceto cantar um partido alto, não esquece sua raiz. É nosso professor. Pra mim ele é um parente". E no mesmo disco, Clementina de Jesus disse: "Partideiro pra cantar de improviso com ele, tem que rebolar. Ele tem uma voz de garoto".
Começou a vida de sambista no Bloco Mama na Burra e nas escolas Unidos de Rocha Miranda, Na Hora É Que Se Vê, Rainha das Pretas, União do Sampaio e Unidos do Riachuelo.
Por volta de 1935/1936, ingressou na Escola de Samba Prazer da Serrinha e passou a ficar, como ele disse, "albergado" na casa de Sebastião de Oliveira, o famoso Mulequinho, que viria a ser o primeiro presidente da Escola de Samba Império Serrano, quando esta foi criada em 1947. Embora fosse um dos fundadores do Império Serrano, transitava por outras escolas, especialmente a Mangueira. Era grande amigo de Carlos Cachaça e de Cartola. Este último, inclusive, construiu a casa em que passou a residir, na Rua Margarida Apolônio, em Nova Iguaçu.
Embora não tocasse instrumentos de sopro e nem de corda e não chegasse a ser um percussionista, era capaz de fazer ritmo no pandeiro para se acompanhar. Sua grande qualidade consistia em coreografar o jongo e em improvisar versos de partido-alto, apesar de não se julgar um bom jongueiro. Em compensação, tinha consciência de ser partideiro imbatível, considerado como tal por todos. Inspirado nos pontos de demanda do jongo, desenvolveu um tipo especial de partido-alto, dialogado entre o solista e a roda - provavelmente criação sua, já que não se tem notícia da existência de outros exemplos que não os cantados por ele.
Em 1977, Aniceto foi desafiado por um jovem sambista para uma disputa em improviso de versos de partido alto. A "porfia", como a denominava, teve lugar no Maracanã. Na quadra do Bloco Carnavalesco Cara de Boi, o rapaz contou com a ajuda da própria mãe. Ainda assim, a peleja não durou dez minutos e Aniceto passou o resto da noite improvisando sobre temas fornecidos pela platéia. Neste mesmo ano lançou o primeiro disco "Quem samba fica", no qual interpretou "Dora", composição do folclore carioca. Ainda em 1977 o Museu da Imagem e do Som lançou seu LP "O Partido-Alto de Aniceto & Campolino", feito em parceria com Nilton Campolino e produzido por Elton Medeiros, no qual iterpretou diversas composições de sua autoria, entre elas "Segredo de Tia Romana", "Um bocadinho só", "Zé ciumento", "Quem tem, tem", "Na volta do novelo" (c/ Bijuzinho) e "Raízes da África", composição na qual enumera e faz referência a vários rezadores como João Alabá e Aço Humano.
No ano de 1978, ao lado de Luiz Grande, Baiano do Cabral, Nelson Cebola, Arielson da Bahia, Preto Rico e Dedé da Portela, participou do LP "Os bambas do partido alto", no qual interpretou de sua autoria "Beberrão" (c/ Mulequinho) e "Apesar dos meus sessenta".
Em 1984, pela gravadora CID, lançou o LP "Partido alto nota 10", no qual contou com as participações especial de João Nogueira na faixa "Entrevista"; Dona Ivone Lara em "Quem é teu pai"; Clementina de Jesus na música "Dona Maria Luiza"; Martinho da Vila em "Desaforo", Roberto Ribeiro na faixa "Chega devagar" e Zezé Motta na música "Ginga de Yaiá", todas de sua autoria. No disco também interpretou, também de sua autoria, "Partido alto", "É fogo", "Difícil", "Quando louvar partideiro", "És partideiro" e "Mulher na presidência". Na capa do disco João Nogueira declarou: "Aniceto é a memória brilhante, viva e atuante da música popular brasileira".
No ano de 1988, quando estava hospitalizado, foi homenageado no evento no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano Beth Carvalho, no LP "Alma do Brasil", regravou "Beberrão" (c/ Mulequinho).No ano de 2002, foi lançado o livro "Velhas Histórias, memórias futuras" (Editora Uerj) de Eduardo Granja Coutinho, livro no qual há várias referências ao compositor.
No ano de 2004 a cantora Tereza Gama lançou o CD "Aos mestres com carinho" (Selo Rio Fonográfico), no qual interpretou de sua autoria "Maria Madalena da Portela".
Sobre ele declarou Martinho da Vila: "Quando eu vejo Aniceto, sinto que estou olhando para a cultura negra do Brasil".
Clique no link abaixo e faça o download de algumas músicas de gôsto pessoal do partideiro Aniceto do Império.
01 Entrevista (com João Nogueira)
02 Inteligência
03 Um bocadinho só
04 Samba de partido alto
05 Difícil
06 Beberrão
07 Quando louvar partideiro
08 Partido alto
09 Quem é teu pai (com Ivone Lara)
10 Mulher na presidência
11 Dona Maria Luiza (com Clementina de Jesus)
12 É fogo
13 Apesar dos meus sessenta
14 Zé ciumento
15 Dora (com Demônios da Garôa)
16 Desaforo (com Martinho da Vila)
17 João do Rosário
18 És partideiro
19 Partido alto (com Martinho da Vila)
20 Chega devagar (com Roberto Ribeiro)
21 Ginga de Iáia (com Zezé Mota)
Tenho um blog de letras de samba-rock, com algumas das músicas de Aniceto do Império, só que em algumas delas não consegui decifrar o que ele diz. Se alguém puder enriquecer o blog com as letras desse mestre da nossa cultura, e também corrigir as que já estão postadas, acessem: http://letrasdesambarock.blogspot.com.br/
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