quinta-feira, 9 de agosto de 2012

XANGÔ DA MANGUEIRA


Xangô da Mangueira, batizado Olivério Ferreira, 77 anos, 53 dos quais como Diretor de Harmonia da Estação Primeira de Mangueira, é um estilista sublime do samba. A carreira em disco, iniciada nos anos 70, nunca foi tão bem-sucedida quanto, por exemplo, a de Martinho da Vila, cuja influência de Xangô é visível em vários sambas e calangos. Mesmo não tendo o devido reconhecimento, a obra musical de Xangô reúne cerca de 150 composições, muitas gravadas por ele mesmo em um compacto e em 4 LPs lançados somente em vinil nos anos 70 e começo dos anos 80. Além de seus próprios discos, existem ainda as várias participações em coletâneas e tributos a outros artistas. O talento de compositor aparece nos sambas que misturam ritmos e personagens interioranos com uma picardia de sabor suburbano. A simplicidade dos versos estruturados em refrões, primeiras, refrões e segundas capturam o ouvinte em um universo de lavadeiras, pastoras, malandros, velhos batuqueiros e muitas rodas de samba.

Outro talento fundamental é o que o próprio Xangô chama de improvisador, uma atividade que só era possível quando as escolas de samba funcionavam realmente como escolas. O talento como improvisador levou-o a se identificar com o partido-alto, que se tornaria popular nos anos 70. "Eu achava bonito o partido alto", comenta Xangô, "quando os antigos formavam aquela roda e ficavam ali horas e horas cantando aqueles partidos e versando, os compadres com as comadres, uma coisa bonita mesmo". A maestria adquirida no partido-alto lhe valeu o título que dá nome ao seu primeiro LP, "O Rei do Partido Alto" (1972), seu álbum preferido.

Nascido no Rio Comprido, bairro do Rio de Janeiro, Xangô passou a infância em um sítio em Paracambi, munícípio da Baixada Fluminense que, naquela época, poderia ser classificado como uma área de fronteira de expansão da antiga Guanabara. Daí, de sua mãe mineira (de Ubá) e de seu pai paulista (de Campinas), vieram o sotaque, o vocabulário e a inspiração em ritmos do interior.

Aposentado como funcionário público federal, ele exerceu ao longo da vida as funções de operário, estivador, segurança e agente federal. Em certos períodos, ele acumulava dois empregos. Trabalhava como segurança em regime de plantão, mas tirava as folgas no cais do porto do Rio de Janeiro. O trabalho, no entanto, não o impediu de viajar com grupos da Mangueira por vários países da Europa e de comprovar como o samba brasileiro encanta as platéias de todo o lugar, incluindo os japoneses, que Xangô visitou antes mesmo deles se tornarem uma espécie de gravadora alternativa para sambistas que sequer sonham em gravar um disco no Brasil.

Xangô da Mangueira faleceu aos 85 anos no dia 07 de Janeiro de 2009, em uma quarta-feira, e deixou saudades.



Clique no link abaixo para fazer o download de algumas músicas de Xangô da Mangueira.

01 Moro na roça
02 Quando vim de Minas
03 Se o pagode é partido
04 Cheguei no samba
05 Louvação aos grandes e aos pequenos
06 Festa de Santo Antônio
07 Mineiro, ê
08 Dança do Caxambú
09 Quem não te conhece é que te compra
10 No tempo dos mil réis
11 Diretor de harmonia
12 Olha o partido
13 Não xinxa o boi
14 Piso na barra da saia
15 A gente com briga não chega lá
16 A cobra Sussurana
17 Você não é não
18 Caviar de pobre
19 Dá no nêgo
20 Mineiro, mineiro
21 Carolina, meu bem
22 Chico jongueiro
23 O namoro de Maria
24 O pagode levanta a poeira
25 Quem fala alto é gogó
26 Por quê você não foi?
27 Tô bem chegado
28 Não adianta falar mal de mim
29 Amaralina
30 O velho batuqueiro
31 Que samba é esse
32 Brincadeira tem hora
33 Catimbó
34 Recordações de um batuqueiro
35 Viola de pinho
36 Zé cansado
37 Isso não são horas
38 Vim da Bahia



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